Io captada pela missão Galileo em 1996. Crédito: Galileo/NASA
Utilizando dados da sonda interplanetária Galileo em 1999, pesquisadores norte-americanos confirmaram a existência de um verdadeiro oceano de magma abaixo da lua Io de Júpiter. A descoberta explica porque o satélite é o mais vulcânico dos objetos do Sistema Solar e sugere que a Terra e a Lua também tiveram oceanos similares no início de suas formações. O estudo foi conduzido por uma equipe de investigadores das universidades da Califórnia, Los Angeles e Michigan e publicado esta semana no periódico científicoScience.
"Estamos bastante animados por finalmente entendermos de onde vem o magma de Io e também decifrar as misteriosas assinaturas registradas pelos magnetômetros da Galileo", disse Krishan Khurana, líder do estudo e co-investigador dos dados do magnetômetro da sonda junto à Universidade da Califórnia."Io emitia um sinal que variava junto ao campo magnético de Júpiter. Esse sinal era típico de rochas derretidas abaixo da superfície", comentou Khurana.
Io produz 100 vezes mais lava por ano do que qualquer vulcão na Terra. Entretanto, enquanto em nosso planeta os vulcões se formam sobre pontos quentes como o Anel de Fogo do Pacífico, em Io os vulcões são distribuídos por toda a superfície. De acordo com o estudo, esse vulcanismo ocorre devido à existência de um gigantesco oceano de magma localizado entre 30 e 50 km abaixo da superfície.
"Ao que parece, há bilhões de anos a Terra e a Lua também tiveram um oceano magmático semelhante", disse Torrence Johnson, cientista do projeto Galileo junto ao laboratório de Propulsão a Jato da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), JPL. No entender do pesquisador, o vulcanismo de Io presenteia os estudiosos com uma verdadeira "janela no tempo" e apresenta diversos estilos de atividades vulcânicas que podem ter ocorrido na Terra e na Lua durante os primeiros momentos da história.
Os vulcões de Io foram descobertos pela primeira vez em 1979 com auxílio da espaçonave Voyager. Posteriormente, estudos revelaram que a energia necessária a essa atividade era proveniente da gigantesca força gravitacional exercida por Júpiter, que deforma, comprime e alonga o satélite.
A sonda Galileo foi lançada em 1989 e passou a orbitar Júpiter em 1995. Em outubro de 1999 fez a primeira aproximação de Io e constatou uma série de anomalias no campo magnético do satélite. Em fevereiro de 2000 a Galileo fez nova incursão sobre a lua e confirmou as estranhas assinaturas magnéticas. Após uma missão bem sucedida, em 2003 a nave foi arremessada intencionalmente contra a atmosfera jupiteriana, coletando dados importantes sobre a composição do gigante gasoso...
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